Introdução ao Transtorno do Espectro Autista



O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por alterações que causam prejuízos na comunicação, interação social e marcado por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades[1].

Em 2013, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) anunciou uma nova classificação para o autismo, antes distúrbios chamados de autismo infantil precoce; Autismo infantil; Autismo de Kanner; Autismo de alto funcionamento; Autismo atípico; Síndrome de Asperger; Transtornos desintegrativos e os quadros não especificado engloba o que chamamos hoje de Transtorno do Espectro Autista[1]. Hoje, qualquer criança que apresente alguma das características autísticas, recebe o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista.

Conforme o DSM-V, existem níveis que podem ser utilizados para descrever e identificar as características autísticas, que podem variar de acordo com o contexto ou oscilar com o tempo. São eles:
Org. Caique Muniz, 2019. Conteúdo: APA, 2013

O autismo recebe o nome de espectro em razão de envolver situações diferentes umas das outras, em uma escala da mais leve à mais severa. Os traços desse transtorno geralmente são reconhecidos na primeira infância (considerada do nascimento até os 6 anos de idade), ou mais especificamente, durante os 12 a 24 meses de vida. Como também, em casos mais severos, essas características podem ser percebidas antes dos 12 meses, ou até mesmo, após os 24 meses, em casos mais sutis[1].

Com base em estudos, é de conhecimento que a ocorrência de autismo é cerca de 3 a 5 vezes mais frequente em meninos para cada menina[2]. Por outro lado, algumas pesquisas apontaram que esses números seriam de 6 ou mais homens para apenas 1 mulher[3]. Já o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) estima que os números dentro de ambos sexos sejam de 1 em 42 para meninos e 1 em 189 para meninas[4]. E por fim, o DSM-V calcula que a prevalência nos Estados Unidos e em outros países, atinjam 1% de toda população[1]. Não há um fato fundamentado no aumento das quantidades, contudo, algumas hipóteses seriam o avanço da ciência referente ao conhecimento do assunto e o diagnóstico precoce.

Pessoas com autismo geralmente apresentam comorbidades - o termo é formado pelo prefixo latino “cum” que significa correlação e por “morbus” que denomina doença[5]-, ou seja, uma associação entre transtornos em um mesmo indivíduo. Em geral, pessoas com TEA apresentam de 2 a 5 comorbidades, o que, possivelmente, pode dificultar o processo diagnóstico[6]. As comorbidades mais encontradas no autismo são:


Org.: Caique Muniz, 2019. Conteúdo: DE CARVALHO, J. A. et al., 2012; BIANCHINI; DE PAULA SOUZA, 2014; ROTTA et al., 2016.

Atualmente, considera-se que o grupo de transtornos que compõem o TEA não são causados por um único fator, eles correspondem a um grupo pertencente a diferentes causas. A maior parte das ocorrências são por causas multifatoriais, ou seja, há uma combinação de fatores de risco genéticos que relacionam-se com fatores de risco ambientais. 

Por tudo isso, há muito o que se descobrir sobre o TEA, desde suas peculiaridades às possíveis causas. Com base em sua tríade de características - prejuízos na comunicação, interação social e marcado por comportamentos repetitivos -, podemos considerar o autismo como uma síndrome comportamental. No Brasil ainda não há um estudo de prevalência indicando quantos autistas existem no país, uma hipótese é que tenham 2 milhões de pessoas. Contudo, em 18 de julho de 2019, com o incentivo do apresentador Marcos Mion, foi sancionada pelo atual presidente do Brasil a lei 13.861/2019, que inclui no Censo 2020 o levantamento de dados sobre a população autista do Brasil, assim indicando o crescimento de informações desse assunto tão importante para todas as áreas de pesquisa. Desta forma, apenas apontar essa porcentagem não é o bastante, é preciso montar planos de ação sobre esses futuros resultados, para que boas práticas sejam realizadas pelas esferas da vida social, melhorando assim a qualidade de vida dessas pessoas.


Referências:

[1] APA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V), 5 ed. Porto Alegre: Artmed Editora LTDA, 2013.
[2] FEDERAÇÃO PORTUGUESA DO AUTISMO. Autismo. 2017.
[3] KLIN, A. Autism and Asperger syndrome: an overview. Revista brasileira de psiquiatria, v. 28, p. s3-s11, 2006.
[4] CHRISTENSEN, D. L. et al. Prevalence and Characteristics of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 Years — Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2012. MMWR Surveillance Summaries, v.65, p. 1–23, 2016.
[5] PETRIBÚ, K. Comorbidade no transtorno obsessivo-compulsivo. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 23, p. 17-20, 2001.
[6] ROTTA, N. T.; OHLWEILLER L.; RIESGO, R. S. Transtornos da Aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. 2.ed.Porto Alegre: Artmed, 2016.
[7] BIANCHINI, N. C. P.; DE PAULA SOUZA, L. A. Autismo e comorbidades: achados atuais e futuras direções de pesquisa. Distúrbios da Comunicação, v. 26, n. 3, 2014.
[8] DE CARVALHO, J. A. et al. Nutrição e autismo: considerações sobre a alimentação do autista. Revista Científica do ITPAC, v.5, n.1, 2012.


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2 Comentários

  1. Boa esta iniciativa kaike,Deus te abençoe nesta missão ...missao é um projeto de Deus estamos juntos nesse trabalho

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