O Autismo é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por alterações que causam prejuízos na comunicação, interação social e é marcado por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades[1].
A manifestação do TEA não é padrão, dependendo do grau do indivíduo, ele apresenta sinais aos primeiros anos de vida. As pessoas atingidas demonstram alterações comportamentais na comunicação e socialização, que podem estar relacionadas a déficits cognitivos[2]. Em alguns casos, as características podem ser evidentes logo após o nascimento, entretanto, outros indícios são identificados entre 12 a 24 meses de vida.
Quando uma criança começa a demonstrar alguma das características do TEA, é recomendado que seja feito o diagnóstico precoce, uma vez que iniciado o tratamento antecipadamente trará melhores resultados a longo prazo ao indivíduo.
Com isso, desenvolvido por Robins e colaboradores (2001), o Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT) é uma escala de rastreamento com o objetivo de identificar traços do TEA, destinada para crianças entre 16 e 30 meses de vida. O M-CHAT é um questionário composto por 23 questões fechadas, com apenas as respostas “Sim/Não”, que leva em consideração as observações sobre os comportamentos da criança, percebidos pelos pais ou cuidadores[3,4,5].
Importante ressaltar que esta escala não representa um diagnóstico, ela é capaz de auxiliar nos casos suspeitos de autismo para uma posterior avaliação com especialistas[3].
Este, assim como todo instrumento de rastreamento, tem como princípio indicar todos os casos de risco para o autismo. Dessa forma, se o M-CHAT se mostrar capaz de detectar alterações no desenvolvimento do indivíduo, cabe, por outro lado, a responsabilidade dos pais/cuidadores o acompanhamento médico até a criança completar 3 anos de idade para a confirmação do diagnóstico de autismo ou algum outro transtorno do desenvolvimento[6].
Este, assim como todo instrumento de rastreamento, tem como princípio indicar todos os casos de risco para o autismo. Dessa forma, se o M-CHAT se mostrar capaz de detectar alterações no desenvolvimento do indivíduo, cabe, por outro lado, a responsabilidade dos pais/cuidadores o acompanhamento médico até a criança completar 3 anos de idade para a confirmação do diagnóstico de autismo ou algum outro transtorno do desenvolvimento[6].
Em 2009, Robins e colaboradores realizaram a revisão do M-CHAT e reestruturaram a escala de rastreamento, passando a chamar-se Modified Checklist for Autism in Toddlers-Revised (M-CHAT-R), e criando a sua continuação, denominada M-CHAT-R/F com a Entrevista de Seguimento.
Hoje, o M-CHAT-R é composto por 20 questões e pode ser aplicado durante uma consulta de rotina, e também pode ser utilizado por especialistas ou profissionais de outras áreas para avaliar o risco de autismo. O objetivo principal desta escala é maximizar a sensibilidade, ou seja, identificar o maior número possível de casos do TEA. Ainda assim, há a possibilidade da escala apontar para os falsos positivos - classificação para as crianças que, de acordo com a escala M-CHAT-R, o resultado é positivo, mas com o diagnóstico realizado por especialistas é negativo para o espectro. Para tentar reduzir o número de falsos positivos, as autoras criaram a Entrevista de Seguimento (M-CHAT-R/F), contudo, os aplicadores e pais/cuidadores devem estar cientes que mesmo com a entrevista há chances do indivíduo ser pontuado como positivo e futuramente não ser diagnosticado com TEA. Entretanto, essas crianças podem apresentar alto risco para outros transtornos, sendo recomendado o acompanhamento médico para todos com resultado positivo[4,5].
Após feito o questionário, é preciso realizar a contagem dos pontos feito pelo indivíduo, de acordo com os riscos a seguir:
Pontuação entre 0-2 pontos (Baixo): Se a criança tiver menos de 24 meses de vida, é recomendado repetir o M-CHAT-R aos 24 meses. Não sendo necessário nenhuma outra medida, além da observação.
Pontuação entre 3-7 pontos (Moderado): É recomendado realizar a Entrevista de Seguimento (segunda etapa) com o intuito de se adquirir mais informações sobre o risco. Se a pontuação da entrevista for igual ou superior a 2, a criança pontua positivo na escala. Desta forma, sugere-se encaminhar a mesma para a avaliação com um especialista. Caso a pontuação da entrevista seja entre 0-1, a criança pontua negativo. Não sendo necessária nenhuma medida, além da observação e uma nova aplicação em futuras consultas.
Pontuação entre 8-20 (Alto): Indica-se executar a Entrevista de Seguimento e encaminhar a criança para uma avaliação diagnóstica e, se possível, iniciar os processos de intervenção.
Portanto, a partir do momento em que o indivíduo entre 16 e 30 meses de vida apresentar alguma das características do TEA, a aplicação da escala M-CHAT-R se faz necessária, uma vez que possui como objetivo identificar o maior número de possíveis casos para o autismo. Com a realização do questionário, em casos de riscos moderado e alto, isso auxiliará o profissional da área da saúde a conseguir um diagnóstico formal em menos tempo e o processo de intervenção acontecerá precocemente, o que trará mais resultados positivos durante o desenvolvimento e vida da criança.
Clique aqui para baixar o questionário M-CHAT-R.
Referências:
[1] APA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM V), 5 ed. Porto Alegre: Artmed Editora LTDA, 2013.
[2] LOUREIRO, A.A. et al. Manual de Orientação: Transtorno do Espectro do Autismo.Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento, n. 05, 2019.
[3] ROBINS, D. L. et al. The Modified Checklist for Autism in Toddlers: an initial study investigating the early detection of autism and pervasive developmental disorders. Journal of autism and developmental disorders, v. 31, n. 2, p. 131-144, 2001.
[4] ROBINS, D. L. et al. Validation of the modified checklist for autism in toddlers, revised with follow-up (M-CHAT-R/F). Pediatrics, v. 133, n. 1, p. 37-45, 2014.
[5] ROBINS, D. L. et al. Validation of the modified checklist for autism in toddlers, revised with follow-up (M-CHAT-R/F). Tradução e adaptação de Rosa Miranda Resegue. Pediatrics, v. 133, n. 1, p. 37-45, 2014
[6] CARVALHO, F. A. R. et al. Rastreamento de sinais precoces de transtorno do espectro do autismo em crianças de creches de um município de São Paulo. Revista Psicologia-Teoria e Prática, v. 15, n. 2, p. 144-154, 2013.
[3] ROBINS, D. L. et al. The Modified Checklist for Autism in Toddlers: an initial study investigating the early detection of autism and pervasive developmental disorders. Journal of autism and developmental disorders, v. 31, n. 2, p. 131-144, 2001.
[4] ROBINS, D. L. et al. Validation of the modified checklist for autism in toddlers, revised with follow-up (M-CHAT-R/F). Pediatrics, v. 133, n. 1, p. 37-45, 2014.
[5] ROBINS, D. L. et al. Validation of the modified checklist for autism in toddlers, revised with follow-up (M-CHAT-R/F). Tradução e adaptação de Rosa Miranda Resegue. Pediatrics, v. 133, n. 1, p. 37-45, 2014
[6] CARVALHO, F. A. R. et al. Rastreamento de sinais precoces de transtorno do espectro do autismo em crianças de creches de um município de São Paulo. Revista Psicologia-Teoria e Prática, v. 15, n. 2, p. 144-154, 2013.
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